Em 2020 foi inaugurado um complexo de esportes de inverno no bairro do Morumbi, em São Paulo.
O ano de 2020 começou muito bem para os amantes de esportes de inverno no Brasil. Entre os dias 9 e 22 de janeiro, jovens do mundo todo participaram das Olimpíadas de Inverno da Juventude, em Lausanne, na Suíça. Com delegação recorde, 12 brasileiros representaram o país em seis modalidades. No início de suas carreiras, apenas cinco atletas possuem alguma assistência do governamental.
O ano de 2020 começou muito bem para os amantes de esportes de inverno no Brasil. Entre os dias 9 e 22 de janeiro, jovens do mundo todo participaram das Olimpíadas de Inverno da Juventude, em Lausanne, na Suíça. Com delegação recorde, 12 brasileiros representaram o país em seis modalidades. No início de suas carreiras, apenas cinco atletas possuem alguma assistência do governamental.
Os cinco participantes das Olimpíadas de Inverno da Juventude de 2020 que recebem o auxílio do Governo Federal estão contemplados como praticantes do atletismo. Muitos atletas de inverno começaram a sua jornada esportiva no atletismo, que tem uma difusão muito maior dentro da sociedade brasileira. Com isso, muitos atletas que chegam a treinar alguma modalidade de inverno durante a juventude podem optar por tentar se profissionalizar em outro esporte ou não seguir a carreira de atleta. Muito disso ocorre por falta de assistência financeira, principalmente levando em conta o fato do Brasil não ter neve, o que torna a prática das modalidades de inverno no país muito caras, e às vezes, impossível. Desta forma, muito atletas acabam morando fora do país.
No entanto, o ano de 2020 trouxe outra grande novidade para os amantes dos esportes de inverno no Brasil. A CBDG ( Confederação Brasileira de Desportos no Gelo), em parceria com a iniciativa privada, inaugurou a Arena Ice Brasil. Localizada no bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, a Arena possui três pistas de Curling e um rinque de gelo para a prática de hóquei e patinação. Com um investimento de cerca de R$ 2 milhões, os atletas destas modalidades terão um lugar para treinar e praticar durante o ano todo. Cursos para formação de novos atletas também são uma novidade.
Pela primeira vez na história, o Campeonato Brasileiro de Curling será realizado em solo brasileiro. Adiado por conta da pandemia do novo coronavírus, o torneio será realizado na Arena Ice Brasil. Em outros anos a disputa
era feita no Canadá.
O investimento da iniciativa privada chegou para alcançar uma parcela de atletas das modalidades de inverno que não vinham sendo contemplados. Por serem esportes muito caros para um brasileiro participar, por conta dos equipamentos e viagens, a maior parte das bolsas do Governo Federal são para os atletas que estão em um nível competitivo elevado e participam de competições internacionais.
A partir de um estudo realizado por pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná), intitulado “DEZ ANOS DO PROGRAMA FEDERAL BOLSA-ATLETA: MAPEAMENTO DAS MODALIDADES DE INVERNO (2005-2015)”, a grande maioria dos atletas beneficiado pelo Bolsa Atleta são praticantes de hockey, enquanto modalidades como o skeleton, quase não possui assistência, restando apenas a iniciativa privada.
O estudo, que contempla dados dos anos de 2005 a 2015, mostram que as modalidades com mais presença brasileira nos Jogos Olímpicos de Inverno são as que possuem o maior número de bolsas (com exceção do hóquei no gelo). Segundo o próprio estudo, grande parte das bolsas para atletas de hóquei no gelo eram para aqueles que praticavam hóquei sobre patins. Desta forma, a modalidade de inverno com maior assistência do Governo Federal é o Esqui Cross Country.
Em 2020, o Brasil possui atletas em 14 modalidades de inverno, sendo elas: bobsled, curling, hóquei, luge, patinação artística, patinação de velocidade, skeleton, ski alpino, snowboard, ski cross country, biathlon, ski freestyle, além de ski cross country e snowboard. No entanto, apenas metade das modalidades conta com o apoio do programa Bolsa Atleta.
Segundo portaria do Ministério da Cidadania, de 30 de dezembro de 2019, 46 atletas de modalidades de inverno contavam com o financiamento. O esporte que contempla o maior número de bolsas é o ski cross country. Isso ocorre pelo fato de ser uma modalidade em que os brasileiros não precisam treinar no gelo durante grande parte do tempo. Por se tratar de uma corrida de esqui, em terreno não montanhoso, muitos atletas treinam no asfalto, sendo assim uma das modalidades mais populares dos atletas brasileiros. Das 46 bolsas fornecidas pelo Governo Federal, 21 são destinadas para o ski cross country. Destas, apenas três vão para atletas de nível olímpico, seis para os de nível internacional e 12 para a os da categoria nacional.
Esses dados mostram que existe um trabalho feito pela CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) para evoluir no esqui cross country, que tem Jaqueline Mourão como principal nome. Outras modalidades, como o snowboard, ski alpino e o bobsled, só possuem bolsas para o nível olímpico. Desta forma, é pouco provável que o bom desempenho dessa geração de atletas seja mantido. É no snowboard, inclusive, que o Brasil tem sua melhor colocação em uma edição de Jogos Olímpicos de Inverno. Em 2006, em Turim, na Itália, Isabel Clark conseguiu terminar a competição como a nona melhor atleta. Ela voltou a disputar as Olimpíadas em 2010 (sendo porta bandeira na cerimônia de abertura), 2014 e 2018.
Segundo o jornalista Lucas Pereira, que narrou, na emissora Record TV, as Olimpíadas de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia, é pouco provável que o governo brasileiro invista em esportes de inverno. Para ele, os investimentos estão ligados aos esportes que podem produzir mais medalhas para o país em Olimpíadas e outros torneios internacionais.
"Não o esporte de inverno não vai alcançar a popularidade que têm um basquete e beisebol. Na minha concepção o esporte de inverno vai ser muito complicado para ele trazer uma medalha para o Brasil, então o que acontece o poder público não vai querer investir no esporte de inverno. O poder público vai querer investir no esporte de verão, por exemplo um futebol ou atletismo que seja algo mais palpável de ter uma medalha ou um resultado. Aqui no Brasil a coisa é muito difícil, se você não têm o resultado você não terá um incentivo.”
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